... e vou sempre lembrar-me.
Curioso é que esse tempo em que o acaso nos juntou numa mesma janela espaço-temporal e que muitas vezes me parece uma eternidade – talvez pela forma cinematográfica como o subconsciente guarda e projecta vezes sem conta na tela da memória esses capítulos que sabe especiais e irrepetíveis - se resumiu afinal a uns escassos nove meses. Tempo para, entre outras coisas, vermos juntos a Luísa a representar magistralmente a cândida Wendla Bergman, personagem do fantástico Despertar da Primavera de Frank Wedekind e peça chave numa trama que teima em relembrar-nos que a descoberta de nós próprios e do mundo que nos rodeia pode ser ao mesmo tempo qualquer coisa de magnífico e de trágico.
Um último jantar de turma, seguido de uma ida às docas, espaço para comentar e rir a propósito dos acontecimentos desse ano lectivo, falar das opções para o próximo ano, celebrar a primeira vitória num combate com vários rounds que vislumbrávamos duro e demorado.
No fim da noite porque o carro tinha ficado longe da esplanada ofereci-me para a acompanhar e lá fomos conversando e foi conversando acerca de coisas que já não recordo que ainda ficámos algum tempo até que nos despedimos e ela arrancou com o carro, com a dificuldade própria de um recém encartado ainda bastante inseguro. Recordo-me porém que foi com uma inexplicável angústia que vi o carro afastar-se, com aquela estranha sensação de ausência de gravidade na região umbilical e que normalmente surge, qual reflexo emanado de um misterioso sexto sentido, como sinal de um perigo desconhecido e eminente. Talvez fosse simples preocupação com a operação de peito aberto que a aguardava daí a três dias. Talvez esse sexto sentido me dissesse daquele modo que a Mimi se haveria de perder nessa noite nas ruas de Lisboa, de tal forma que teria de abandonar o carro e seguir para casa de táxi. Ou então, talvez tivesse sido aquele um momento em que inconscientemente soube que não mais haveríamos de partilhar os sons, as imagens e os cheiros de uma noite passada à beira do Tejo.
Um último jantar de turma, seguido de uma ida às docas, espaço para comentar e rir a propósito dos acontecimentos desse ano lectivo, falar das opções para o próximo ano, celebrar a primeira vitória num combate com vários rounds que vislumbrávamos duro e demorado.
No fim da noite porque o carro tinha ficado longe da esplanada ofereci-me para a acompanhar e lá fomos conversando e foi conversando acerca de coisas que já não recordo que ainda ficámos algum tempo até que nos despedimos e ela arrancou com o carro, com a dificuldade própria de um recém encartado ainda bastante inseguro. Recordo-me porém que foi com uma inexplicável angústia que vi o carro afastar-se, com aquela estranha sensação de ausência de gravidade na região umbilical e que normalmente surge, qual reflexo emanado de um misterioso sexto sentido, como sinal de um perigo desconhecido e eminente. Talvez fosse simples preocupação com a operação de peito aberto que a aguardava daí a três dias. Talvez esse sexto sentido me dissesse daquele modo que a Mimi se haveria de perder nessa noite nas ruas de Lisboa, de tal forma que teria de abandonar o carro e seguir para casa de táxi. Ou então, talvez tivesse sido aquele um momento em que inconscientemente soube que não mais haveríamos de partilhar os sons, as imagens e os cheiros de uma noite passada à beira do Tejo.
1 Comments:
At 25/11/04 16:20, Anónimo said…
(com tantos nomes giros...)
bem me parecia q a wendla tinha sido a tua verdadeira paixão...
agora a sério... obrgd por contares esta história
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