A Revolução que tanto haveríamos de amar
Acho que sempre fui um tipo um bocado inconformado. Sempre me chatearam o amorfismo, o não querer saber, o demissionismo e claro, esse velho chavão, a alienação. Há uns anos atrás costumava achar que quando nos punham o pé em cima e nos apertavam, se não existissem grandes opções éramos livres de usar a força contra a prepotência, na defesa da razão. Tinha pouco mais de vinte anitos, alguma generosidade e uma dose enorme de inconsciência e achava, claro está, que a razão estava sempre do nosso lado... A isso tudo somavam-se umas leituras e uns contactos com pessoas que tinham militado de corpo e alma em causas onde a arma não foi apenas nem sobretudo a palavra.
Ainda hoje as admiro, a essas pessoas. Não pelos resultados, menos ainda por alguns dos métodos, mas sobretudo pela capacidade que tiveram de recusar o prato requentado que outros lhes puseram à frente, pela simples capacidade de dizer Não, de, por opção, serem marginais à sociedade da época.
Essa rebeldia sem se perder metamorfoseou-se e o pessoal da minha geração expressou-se sobretudo pela indiferença mais ou menos discreta, pela não participação, pelo individualismo, algumas vezes por uma genialidade silenciada, muitas vezes por uma mediocridade assustadora, algures entre o rasca e o à rasca.
Um desses rebeldes da linha dura disse-me uma vez “Sabes pá, vocês têm os vossos pais para vos resolverem os problemas económicos. Nós estávamos por nossa conta.” Talvez, pensei eu. Os paninhos quentes nunca fizeram bem a ninguém e talvez os pachos de água quente paternos impeçam a frustração de sair à rua. Sim porque sempre me foi difícil compreender, por exemplo, como é que um tipo que tira um curso de direito e depois acaba como uma farda amarela da Prosegur vestida, à porta do supermercado da esquina mais próxima não tem um ataque de frustração ao estilo do Michael Douglas no Dia de Raiva.
Sou um pessimista, sou daqueles que acham que batemos no fundo. Daqui para baixo só se formos expulsos da UE e passarmos a figurar nos compêndios como um país do Magreb... E mais do que a mediocridade dos políticos, que a politiquice tachista que a pouco e pouco foi corroendo estruturas, delapidando recursos e hipotecando o futuro, arrastando consigo a malta mais nova que nas J’s já vai fazendo pelo seu tachito, mais do que isso tudo impressiona-me o facto de continuarmos calados, despreocupados, pouco ecológicos, acomodados, resmungões, incapazes de criar movimentos cívicos de larga escala, com pés e cabeça, reivindicativos, construtivos, afirmativos de uma democracia que não se pode esgotar no vazio da arena – residualmente representativa - de S. Bento.
Ainda hoje as admiro, a essas pessoas. Não pelos resultados, menos ainda por alguns dos métodos, mas sobretudo pela capacidade que tiveram de recusar o prato requentado que outros lhes puseram à frente, pela simples capacidade de dizer Não, de, por opção, serem marginais à sociedade da época.
Essa rebeldia sem se perder metamorfoseou-se e o pessoal da minha geração expressou-se sobretudo pela indiferença mais ou menos discreta, pela não participação, pelo individualismo, algumas vezes por uma genialidade silenciada, muitas vezes por uma mediocridade assustadora, algures entre o rasca e o à rasca.
Um desses rebeldes da linha dura disse-me uma vez “Sabes pá, vocês têm os vossos pais para vos resolverem os problemas económicos. Nós estávamos por nossa conta.” Talvez, pensei eu. Os paninhos quentes nunca fizeram bem a ninguém e talvez os pachos de água quente paternos impeçam a frustração de sair à rua. Sim porque sempre me foi difícil compreender, por exemplo, como é que um tipo que tira um curso de direito e depois acaba como uma farda amarela da Prosegur vestida, à porta do supermercado da esquina mais próxima não tem um ataque de frustração ao estilo do Michael Douglas no Dia de Raiva.
Sou um pessimista, sou daqueles que acham que batemos no fundo. Daqui para baixo só se formos expulsos da UE e passarmos a figurar nos compêndios como um país do Magreb... E mais do que a mediocridade dos políticos, que a politiquice tachista que a pouco e pouco foi corroendo estruturas, delapidando recursos e hipotecando o futuro, arrastando consigo a malta mais nova que nas J’s já vai fazendo pelo seu tachito, mais do que isso tudo impressiona-me o facto de continuarmos calados, despreocupados, pouco ecológicos, acomodados, resmungões, incapazes de criar movimentos cívicos de larga escala, com pés e cabeça, reivindicativos, construtivos, afirmativos de uma democracia que não se pode esgotar no vazio da arena – residualmente representativa - de S. Bento.
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