Referendar o quê?
A recente polémica em torno do Não dos franceses à Constituição Europeia e o esperado Não que holandeses irão hoje dar à mesma questão, associada à discussão acerca do timing certo para a aplicação do dito referendo no nosso país tem-me feito pensar.
Pensar sobretudo que não faço a mais pequena ideia dos fundamentos e conteúdos do dito texto constitucional e que a mim me dava um jeito do caraças se se começasse por fazer um “pré-referendo” com uma pergunta do género “Quer ser total e imparcialmente informado a respeito da proposta de texto para uma Constituição Europeia?” e com as opções de resposta Sim, Não ou Depende da duração do processo de explicação e do responsável pela mesma – sendo factores de negação imediata nomes como António Guterres, Nuno Severiano Teixeira, José Hermano Saraiva ou José Castelo Branco.
A verdade é que por cá quase ninguém conhece o conteúdo do texto constitucional proposto, facto que atendendo à importância de um documento que se aprovado será, para além de um passo gigantesco no caminho do federalismo, a lei fundamental, uma espécie de batuta geral pela qual serão regidas as vidas dos não sei quantos milhões de almas que habitam o espaço europeu, é no mínimo espantoso. Não sei se os franceses disseram não por conhecerem pormenorizadamente o texto ou se disseram não ao facto de alguém os querer comer à má fila, sem grandes explicações. A mesma interrogação se me coloca em relação aos holandeses.
No que à minha pessoa diz respeito, sinceramente, não sei o que é que hei-de responder. Como por cá ninguém – sobretudo os sucessivos governos – respeita a Constituição é um bocado indiferente que a mesma seja substituída, desde que, claro está, a que se lhe seguir, neste caso a europeia, for também, apenas e tão só, um objecto de adoração simbólica sem grande aplicação prática (lembrei-me agora que me esqueci doutra opção de resposta, qualquer coisa como Sim, de certezinha absoluta que sim, desde que essa coisa não passe do papel).
Hoje alguém me mostrava umas notas panfletárias retiradas dum site da esquerda mais à esquerda (soa mal à brava dizer esquerda radical) onde eram apresentados supostos anexos da constituição europeia e onde saltavam à vista coisas como Pena de morte para crimes de insurreição, Requisição de cidadãos para trabalhos forçados e outras pérolas que tais. Aquilo custou-me um bocado a digerir, sobretudo porque a ideia de participar numa insurreição persegue-me desde a adolescência e era chato, se as coisas correrem mal, ser executado em vez de amnistiado. O segundo ponto nem tanto porque a bem dizer o banco que me emprestou o dinheiro para comprar a casa já me garantiu que me irá requisitar diariamente para trabalhos forçados durante os próximos trinta anos.
Quando li aquilo exclamei que devia ser um exagero qualquer, uma peça de material propagandístico de teor questionável mas a minha interlocutora sabiamente questionou-me: “Com tanta falta de informação e discursos contraditórios sabe em quem acreditar?” Pois, de facto não sei.
Pensar sobretudo que não faço a mais pequena ideia dos fundamentos e conteúdos do dito texto constitucional e que a mim me dava um jeito do caraças se se começasse por fazer um “pré-referendo” com uma pergunta do género “Quer ser total e imparcialmente informado a respeito da proposta de texto para uma Constituição Europeia?” e com as opções de resposta Sim, Não ou Depende da duração do processo de explicação e do responsável pela mesma – sendo factores de negação imediata nomes como António Guterres, Nuno Severiano Teixeira, José Hermano Saraiva ou José Castelo Branco.
A verdade é que por cá quase ninguém conhece o conteúdo do texto constitucional proposto, facto que atendendo à importância de um documento que se aprovado será, para além de um passo gigantesco no caminho do federalismo, a lei fundamental, uma espécie de batuta geral pela qual serão regidas as vidas dos não sei quantos milhões de almas que habitam o espaço europeu, é no mínimo espantoso. Não sei se os franceses disseram não por conhecerem pormenorizadamente o texto ou se disseram não ao facto de alguém os querer comer à má fila, sem grandes explicações. A mesma interrogação se me coloca em relação aos holandeses.
No que à minha pessoa diz respeito, sinceramente, não sei o que é que hei-de responder. Como por cá ninguém – sobretudo os sucessivos governos – respeita a Constituição é um bocado indiferente que a mesma seja substituída, desde que, claro está, a que se lhe seguir, neste caso a europeia, for também, apenas e tão só, um objecto de adoração simbólica sem grande aplicação prática (lembrei-me agora que me esqueci doutra opção de resposta, qualquer coisa como Sim, de certezinha absoluta que sim, desde que essa coisa não passe do papel).
Hoje alguém me mostrava umas notas panfletárias retiradas dum site da esquerda mais à esquerda (soa mal à brava dizer esquerda radical) onde eram apresentados supostos anexos da constituição europeia e onde saltavam à vista coisas como Pena de morte para crimes de insurreição, Requisição de cidadãos para trabalhos forçados e outras pérolas que tais. Aquilo custou-me um bocado a digerir, sobretudo porque a ideia de participar numa insurreição persegue-me desde a adolescência e era chato, se as coisas correrem mal, ser executado em vez de amnistiado. O segundo ponto nem tanto porque a bem dizer o banco que me emprestou o dinheiro para comprar a casa já me garantiu que me irá requisitar diariamente para trabalhos forçados durante os próximos trinta anos.
Quando li aquilo exclamei que devia ser um exagero qualquer, uma peça de material propagandístico de teor questionável mas a minha interlocutora sabiamente questionou-me: “Com tanta falta de informação e discursos contraditórios sabe em quem acreditar?” Pois, de facto não sei.
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