quatro minutos depois das sete

hora de partida para outro lado qualquer...

segunda-feira, setembro 12, 2005

O Rei desta selva

Morreu Tarzan Taborda.
Auto-denominado lutador nunca derrotado e invencível, pentacampeão de uma data de coisas, escritor, duplo de cinema, quiropata (vulgo endireita), comentador televisivo, pai de expressões – como por exemplo e esta é a minha preferida, “um golpe que transforma o sangue em água” - que perdurarão na memória de todos os que acompanhavam os seus comentários especializados da luta livre americana, em parceria com um céptico e irónico António Macedo.
Tarzan Taborda representava o que de melhor há no nosso país: o carácter robusto deliciosamente condimentado com o respectivo sotaque sibilante dos naturais da beira alta, numa simplicidade que nunca desapareceu tragada pelas andanças da vida, a basófia própria de um wrestler de primeira água e de um contador de estórias, o tom desafiante de um ancião que toda a gente percebe que já não faz mal a uma mosca, enfim, uma figura no verdadeiro sentido da palavra.
Para além de tudo isso parece que Tarzan era também um tipo afável e ao que tudo indica generoso, deixando para trás um legado benemérito em prol da prática desportiva na sua terra natal que, ao que parece, nunca esqueceu. Pela minha parte fica a saudade do seu discurso hiperbólico e sensacionalista que ninguém levava a sério, nem sequer ele próprio.