quatro minutos depois das sete

hora de partida para outro lado qualquer...

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Parabéns Sr. Silva

A vingança é de facto um prato que se come frio e 10 anos foi o tempo certo para o prato arrefecer. Quando em 1996, nas vésperas das eleições presidenciais de então Miguel Esteves Cardoso dizia que nos boletins de voto bastaria fazer constar as opções Cavaco Silva e Outro Qualquer para que a esmagadora maioria dos portugueses votasse em Outro Qualquer não se enganou. Dez anos depois assim se vê, não a força do PC como reza o slogan mas antes a inconstância dos povos, sobretudo deste povo que somos nós todos. No fundo temos apenas o que merecemos, sobretudo porque a nossa memória é curta e a nossa ignorância extrema e porque este Presidente será certamente uma fiel imagem do país: cinzento, desprovido de ideias, provinciano, hipócrita. Louve-se assim ao menos a sinceridade nacional posta na projecção que faremos de nós próprios no exterior.


3 Comments:

  • At 24/1/06 12:04, Blogger mc said…

    Honestamente não poderei dizer que estou muito surpreendida com este resultado.
    Mas tenho o direito de continuar indignada com a consciência política ou melhor, com a ausência da mesma nas cabeças dos portugueses que votaram para que este fosse o nosso novo Presidente da República.

    E não faço mas comentários...

     
  • At 14/2/06 22:21, Anonymous Anónimo said…

    Bem, e se dessemos uma oportunidade ao homem ? Independentemente de gostarmos do CSilva ou não, acho que ele merece uma oportunidade. Ainda que não é, de maneira alguma, o Presidente da República que pode fazer muito.

    Por outro lado, mesmo não tendo os dotes de um Ortigão ou de um Queiroz, aqui vos deixo uma farpa... Não deixa se ser curioso, que quando o "povo" vota como nós queremos, ele é "sábio", "atento", "não se deixa enganar", "sensato". Quando não vota como nós queremos ( ou pensamos que é melhor ), passa a ser "inconsciente" ??

    Além de que ainda não temos o necessário desfasamento histórico para "avaliar" os mandatos de Cavaco e Guterres. Basta pensar, por exemplo, nas políticas educativas, que podem ter bons ( ou maus, ou maus ) resultados a muito longo prazo.

    E sim, gosto do blog. Já ganharam mais um leitor, ;)

     
  • At 16/2/06 12:47, Blogger Duda said…

    Regra geral têm sido as maiorias quem, ao longo da história, tem cometido as maiores asneiras, não faltando a este respeito exemplos: Hitler, Mao, Lenine e tantos outros chegaram onde chegaram com "tantos e tão bons resultados" graças ao apoio esclarecido e clarividente da maioria dos seus concidadãos. Não vejo por isso que a opinião da maioria tenha de ser sublimada em deterimento das opiniões individuais de cada um, mesmo daqueles que conjuntamente são minoritários.

    Já agora a propósito do termo inconsciente e da sua aplicação neste contexto especifico pela MC:

    Inconsciente
    adj. 2 gén.,
    que não é consciente;

    em que não há consciência;

    praticado sem consciência;

    resultante do instinto ou que actua por instinto;

    s. 2 gén.,
    pessoa que procede sem consciência do que faz;

    Psic.,
    conjunto de processos e factos psíquicos que são exteriores ao âmbito da consciência e impossíveis de trazer à memória, mas que podem manifestar-se nos sonhos, em estados depressivos e neuróticos, ou seja, em geral, quando a consciência não está desperta, e cujo principal teorizador foi o psicanalista austríaco Freud

    Ora não tendo o Sr. Silva:
    a) concretizado objectivamente uma ideia, uma posição, um projecto, uma agenda presidencial concreta;

    b) tendo optado por um lamentável silêncio numa série de assuntos da maior importância;

    c) tendo manifestado o propósito, mais ou menos abstracto, de intervir em domínios nos quais sabe perfeitamente que não pode nem deve intervir;

    Sou levado a concluir que os portugueses que votaram no Sr. Silva fizeram-no não em resposta a um projecto especifico, mas actuaram por instinto, depositando uma fé, que por ser fé não pode ser racional, no carisma - no mínimo discutível - deste homem.

    Dito isto, obrigado pelo comentário.

     

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