Paraíso
Tive a oportunidade de dar um pulinho de oito dias ao Brasil. Não era nem nunca foi para mim um destino de eleição uma vez que sempre me causou algum melindre o tipo de referências negativas que habitualmente inundam os telejornais a respeito deste país: enormes discrepâncias sociais, pobreza, criminalidade, violência, corrupção...
A tudo isto contrapunham-se os relatos de familiares e amigos que, já lá tendo estado, me diziam maravilhas do clima, das paisagens e das pessoas. Sempre achei que a visão deles era assumidamente parcial e redutora; alguns revelavam aquela atitude que sempre me irritou e que me habituei a chamar de "turista/colono", exaltando o barato que é fazer vida de rico por lá ou o engraçado que é ver o servilismo dos locais quando se lhes dá uma gorjeta, tudo isto sem abandonarem a aconchegante realidade virtual proporcionada pelos resorts...
Bom, de qualquer modo como as Caraíbas em Dezembro são instáveis do ponto de vista climatérico e nos apetecia muito sol e praia lá rumámos ao Nordeste Brasileiro, mais concretamente à pequenina vila de Pipa, sítio redescoberto por uma data de seguidores de Cabral, uns à procura de lazer, outros de oportunidades de negócio oferecendo respostas aos desejos dos primeiros.
Chegados ao aeroporto de Natal esperava-nos uma viagem de mais de uma hora através da Interestadual, estrada de 5000 Km que atravessa o Brasil de uma ponta a outra e através da qual percorremos para sul a quase totalidade dos 80 Km até Pipa. Debaixo de um já prometido e esperado calor lá fomos seguindo por uma paisagem tipicamente sul-americana, com casas de piso térreo e ar simples, muitas de tijolo à mostra, alinhadas numa ordenada quadrícula de ruas e avenidas amplas e planas que compõem os arredores da zona sul de Natal. Por aqui as pessoas acumulam-se nas esquinas, à porta das mercearias de porta de chapa ondulada e ar de garagem e poucas me pareceram caminhar ou movimentar-se para algum lado. Bem depressa se torna perceptível a languidez que compõe um cenário do qual os movimentos que associamos a conceitos como pressa ou pior ainda, stress, parecem ter sido extirpados por completo.
Saídos do cenário semi-urbano mergulhamos na imensidão da paisagem sertaneja, da mata tropical, dos hiperfúndios da cana de açúcar, da ruralidade expressa no gado que vagueia solto pela beira da estrada ou nos cavaleiros montando ao jeito de Lampião em cavalos pequenos em tamanho e aparentando um desbaste incompleto, traduzido numa manifesta irregularidade e falta de elegância nos movimentos.
(Continua)
A tudo isto contrapunham-se os relatos de familiares e amigos que, já lá tendo estado, me diziam maravilhas do clima, das paisagens e das pessoas. Sempre achei que a visão deles era assumidamente parcial e redutora; alguns revelavam aquela atitude que sempre me irritou e que me habituei a chamar de "turista/colono", exaltando o barato que é fazer vida de rico por lá ou o engraçado que é ver o servilismo dos locais quando se lhes dá uma gorjeta, tudo isto sem abandonarem a aconchegante realidade virtual proporcionada pelos resorts...
Bom, de qualquer modo como as Caraíbas em Dezembro são instáveis do ponto de vista climatérico e nos apetecia muito sol e praia lá rumámos ao Nordeste Brasileiro, mais concretamente à pequenina vila de Pipa, sítio redescoberto por uma data de seguidores de Cabral, uns à procura de lazer, outros de oportunidades de negócio oferecendo respostas aos desejos dos primeiros.
Chegados ao aeroporto de Natal esperava-nos uma viagem de mais de uma hora através da Interestadual, estrada de 5000 Km que atravessa o Brasil de uma ponta a outra e através da qual percorremos para sul a quase totalidade dos 80 Km até Pipa. Debaixo de um já prometido e esperado calor lá fomos seguindo por uma paisagem tipicamente sul-americana, com casas de piso térreo e ar simples, muitas de tijolo à mostra, alinhadas numa ordenada quadrícula de ruas e avenidas amplas e planas que compõem os arredores da zona sul de Natal. Por aqui as pessoas acumulam-se nas esquinas, à porta das mercearias de porta de chapa ondulada e ar de garagem e poucas me pareceram caminhar ou movimentar-se para algum lado. Bem depressa se torna perceptível a languidez que compõe um cenário do qual os movimentos que associamos a conceitos como pressa ou pior ainda, stress, parecem ter sido extirpados por completo.
Saídos do cenário semi-urbano mergulhamos na imensidão da paisagem sertaneja, da mata tropical, dos hiperfúndios da cana de açúcar, da ruralidade expressa no gado que vagueia solto pela beira da estrada ou nos cavaleiros montando ao jeito de Lampião em cavalos pequenos em tamanho e aparentando um desbaste incompleto, traduzido numa manifesta irregularidade e falta de elegância nos movimentos.
(Continua)
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