O Regresso da Al Qaeda

Os rag heads, como lhes chamam os ingleses estacionados no Iraque e no Afeganistão, voltaram a fazer das deles. Para não variar os alvos continuam a ser os anónimos transeuntes a caminho do emprego, o tal gigantesco e anónimo rebanho dos que têm a ver com tudo e não têm a ver com nada. Com uma fina e brutal ironia as bombas rebentam enquanto na Escócia se reúne a clique do G8 e no dia após se saber que Londres acolherá as Olimpiadas de 2012, em grande medida por oferecer boas condições de segurança relativamente às cidades rivais... A globalização tem destas coisas, já não é preciso ter mísseis e aviões que custam milhões de euros para espalhar o terror em países distantes, bastam meia dúzia de tipos minimamente escolarizados e versados nas novas tecnologias da informação, modestamente financiados, umas mochilas, uns telemóveis, detonadores e uns kilitos de uma das várias "plasticinas milagrosas" que há por aí a venda no mercado paralelo e pronto, tem-se bem perto de casa um gostinho das coisas que nos habituámos a ver indiferentemente sentados à frente da televisão por esse mundo fora.
Se a globalização é no fundo e para além de muitas outras coisas, essa disponibilização e acesso global de (quase) todos a tudo, então não será de estranhar que os designios e processos da violência brutal e do assassínio em massa tenham definitivamente abandonado a alçada do monopólio estatal. Tudo isto para grande tristeza dos que ontem cinicamente se lamentavam do facto de tal barbaridade ter acontecido enquanto se reuniam para promover o combate à fome e à degradação ambiental.