Quem me conhece sabe bem que não passo cartucho absolutamente nenhum às coisas do futebol. As telenovelas do futebol profissional, associadas à falta de resultados e de competitividade e ao estilo mafioso azeitola, escandalosamente bem pago de tudo aquilo, sempre me fizeram confusão.
Contudo esta coisa que me chegou hoje pelo correio electónico é tão "engraçada" que não posso deixar de a plantar aqui.
Depois de ler não pude deixar de pensar que os tais cento e cinquenta comandos que foram para o Afeganistão ajudar a combater a tal "guerra global contra o terrorismo" deveriam ter sido enviados para os enclaves das Antas, da Ribeira ou de Gaia. Bom, vai na volta Cabul é mais seguro... Então é assim:
Costinha deu uma entrevista, em exclusivo, para a revista "Sábado". Mas poucos ou nenhum sabiam deste facto. E tantas vezes os telejornais do fim-de-semana veiculam notícias, com base na imprensa, então por que razão os diários desportivos também não aproveitaram a deixa ?Vocês querem ver que é por causa do grande visado ser Pinto da Costa ?Mas perguntam tudo e mais alguma coisa ao Luís Filipe Vieira e a Dias da Cunha e não questionam Pinto da Costa ?Será que são ordens editoriais dos mais diversos orgaõs da comunicação social ?Entrevista de Alexandra Tavares Teles “Sábado” a CostinhaATT - Alguma vez se arrenpendeu de ter ficado no FC Porto depois do Euro 2004 e da saída de Mourinho ?
Costinha - Atentendo ao que se passou, fiquei um bocado arrenpendido. Perdi tempo. Havia vários clubes interessados, mas o FC Porto convenceu-me de que era uma peça importante para a equipa, um factor de estabilidade no balneário. Tinha um contrato muito bom, acima das possibilidades do mercado português e achei que devia ficar. Fiz mal.
ATT - Pelos resultados desportivos ?
Costinha - Por tudo. Nunca pensei que o FC Porto se destruísse em tão pouco tempo. Da equipa campeã europeia apenas ficaram 10 jogadores. A equipa ficou sem identidade, sem espírito. Na época anterior, era habitual ver 10 ou mais jogadores no mesmo restaurante sem ter havido qualquer combinação. Era um prolongamento dos treinos e dos jogos. Com tantas saídas e tantas entradas, cada um ficou para seu lado. Não consegui perceber que tipo de política foi esta nem o que se prentendia obter com ela.
ATT - O FC Porto apontou razões financeiras...
Costinha - Pelos valores a que venderam o P.Ferreira, o Deco, o R.Carvalho e ainda o Mourinho, não era preciso vender mais ninguém. Ia buscar o Seitaridis, um médio e pronto. Assim , sim: seria possível reorganizar a equipa, pô-la de novo a funcionar.
ATT - Terá sido uma opção de Del Neri...
Costinha - Não me parece que lhe tivesse sido dado o poder de desfazer equipas campeãs da Europa.
ATT - A sangria na equipa continuou com Fernández...
Costinha - Fernández construiu uma equipa e depois venderam-se mais jogadores.ATT - Derlei foi dispensado por vontade de Fernández ?
Costinha - Isso é mais complicado. Para perceber a saída de Derlei é preciso encontrar quem está por detrás dela. Não admito que um grupo de adeptos venha criticar e enxovalhar, com faixas provocatórias, um atleta que deu ao clube aquilo que Derlei deu. E mais espantados ficámos quando ninguém do FC Porto tomou uma atitude. Pelo contrário. Essa gente, depois de insultar os jogadores, entravam nas instalações do clube com um livre-trânsito e ninguém fazia qualquer reparo. E mais: de dia ameaçavam os jogadores e á noite jantavam com dirigentes do FC Porto. Que pensa um grupo quando sabe que quem os insultam e ameaçam janta com dirigentes do clube ?
ATT - Conhece o presidente dos Super Dragões ?
Costinha - De vista. Ele diz-se profissional de claque e, pelo que aparenta, tem uma profissão rentável. Muitos jogadores do FC Porto não ganham para comprar Porches e ele tem um.
ATT - Acha que as claques serviram para branquear as decisões da direcção que falharam ?
Costinha - Não sei. Sei que tenho no meu corpo marcas que provam o que dei ao clube. Joguei lesionado e joguei infiltrado, fi-lo porque quis e por dedicação. Ganhei tudo o que havia para ganhar. E ainda andam a correr atrás de mim para me fazer a vida negra?! E os responsáveis, os directores não fazem nada ?
ATT - Foi ameaçado ?
Costinha - Sim, mas como tenho um grande amigo na cidade do Porto o caso teve um fim pacífico.
ATT - Qual foi a situação mais complicada ?
Costinha - Quando o FC Porto empatou na Madeira com o Nacional, os desacatos começaram logo no aeroporto do Funchal. As claques provocaram com insultos todos os jogadores, sobretudo o Raul Meireles, que tivera o azar de fazer um autogolo. Foi mesmo agredido fisicamente, com uma garrafa. Eu estava no Porto, a recuperar de um traumatismo craniano, mas soube o que se estava a passar porque telefonei a vários colegas, por solidariedade. E perante o que ouvi decidi ir ao aeroporto do Porto esperar a equipa. Levei dois amigos, para não levar dois guarda-costas, e tive razão, porque quando lá cheguei vi um bando de 60 ou 70 Super Dragões. Os jogadores foram os primeiros a sair do avião e a levar com aquela gente toda, com insultos, com agressões, enquanto os dirigentes ficaram dentro do avião, protegidos. Apenas Reinaldo Teles saiu. E a verdade é que aquela gente agrediu atletas. Na época passada, tudo foi permitido no FC Porto.
ATT - Nunca tentou falar com o presidente ?
Costinha - Não. Eles é que decidem. Quando acertam, dizem que acertam, quando erram não dizem nada. Tinhamos jogadores campeões da Europa a ganhar 5 escudos e outros sem nada ganho com ordenados muito superiores. E eu tentava ajudar falando com eles.
ATT - O mau comportamento da equipa nos jogos em casa esteve relacionado com este ambiente ?
Costinha - Foi uma das questões da época e a explicação. É muito simples: alguns jogadores não conseguiram jogar por medo. Estamos a falar de ameaças vindas de grupos organizados. Por mais que alguns de nós tentasse criar um ambiente desinibido, houve quem ficasse em pânico por falhar um passe ou uma jogada.
ATT - Foi por isso que jogadores como Luíd Fabiano renderam pouco ?
Costinha - Luís fabiano foi um dos que se deixaram apanhar por esse medo.ATT - Estamos a falar das mesmas pessoas de quem Mourinho se queixou ?
Costinha - Claro. Estou por dentro da história, mas não a posso revelar sem autorização dele. No entanto, posso dizer que aquilo que fizeram ao Mourinho foi uma vergonha.
ATT - O que fez Pinto da Costa para evitar esses problemas ?
Costinha - Ele continua a ser um grande líder, mas nos maus momentos não basta dizer que a equipa perde porque o Derlei só gosta da noite ou porque o Costinha só gosta da noite. Bodes expiatórios, não. É fácil atribuir a destruição da equipa campeã do Mundo a Del Neri, é fácil atribuir o despedimento dele ás pressões dos jogadores, é fácil atribuir a Fernández o esvaziamento, em janeiro, da equipa, e é fácil convecer a massa associativa, através da colocação estratégica de meia dúzia de Super Dragões num estádio, de que a culpa é dos jogadores. E assim protege-se a direcção. Mas eu não sou dos que ouvem, vêem e ficam calados. A equipa e o espírito de Mourinho foram completamente destruídos.
ATT - Foi para Moscovo só por causa do dinheiro ?
Costinha - Quando deixar de pensar em ganhar títulos, vou escolher um clube mais pequeno para que não me chamem chulo.
ATT - Mourinho nunca o convidou ?
Costinha – Em Novembro de 2003, Mourinho disse-me que no fím da época seriamos campeões Europeus, que ele iria para um grande clube e perguntou-me se queria ir com ele. Disse que sim. Depois isso não se concretizou, mas não lhe quero mal por ter levado o Paulo, o Tiago e o Ricardo. Continuo a falar com ele regularmente.
ATT - E quando regressar a Portugal ?
Costinha - Todas as pessoas sabem que sou sportinguista desde pequeno. Quando regressei a portugal disse que gostava de jogar no FC Porto, onde queriam ganhar sempre tudo e os valores da familia eram defendidos. Recusei uma proposta do benfica, podia ter ido para o Sporting, mas escolhi o Fc Porto. Num segundo regresso, não sei o que acontecerá.
ATT - Aconselhou Miguel ao Dínamo ?Costinha - Aconselhei. Como jogador e como homem. O Miguel não quis vir e acho que fez bem. É novo e tem outros clubes interessados para onde ir.