quatro minutos depois das sete

hora de partida para outro lado qualquer...

segunda-feira, janeiro 24, 2005

Glimpse

Nesse dia o calor de Julho fazia-se já sentir com especial intensidade e foi debaixo desse calor que seguimos em coluna até ao limite norte da cidade, local onde a Mimi vivia ao abrigo das quatro paredes maternas. E foi no alto do sétimo andar de uma das torres de apartamentos que por ali abundam e de onde se viam já umas curiosas estacas geometricamente alinhadas e cravadas no leito do Tejo com recurso à mais moderna tecnologia GPS e das quais viriam a surgir os pilares da Vasco da Gama, que a encontrámos à nossa espera, deslumbrante, com um vestido verde alegremente curto e decotado, umas sandálias brancas bem ao seu género e a felicidade estampada no rosto. Estava hiperactiva, caminhava de um lado para o outro como se a costura no peito fosse apenas uma espécie de adorno tribal, à maneira daqueles habitantes do Pacífico que esculpem literalmente a pele e não um sinal exterior da fragilidade da sua condição.

- Hoje já limpei a casa toda!
- Mas tu és doida?! Não podes fazer esses esforços, ainda é cedo para isso!
- Tou farta de tar parada, preciso de me mexer!