Quero o meu túnel de volta
Eu sei que os miúdos da Casa Pia foram abusados, que os dirigentes desportivos e árbitros vão sobrelotar os tribunais e as prisões, ou talvez não, que os assassinos saem em precária e depois não voltam, que o primeiro ministro fugiu, que o governo seguinte caiu, que a economia vai mal, o ambiente pior, que o tsunami matou mais que os Indonésios durante a ocupação de Timor, que o George Bush sacou mais um mandato, sei isso tudo. Mas pelo meio de tanta desgraça apetece-me gritar alto e bom som o meu desejozito prosaico:
- Por favor, devolvam-me o meu túnel do Rossio!
Desde que os engenheiros da REFER perceberam aquilo que toda a gente, perdão todos os suburbanos que usam a linha de Sintra, há muito haviam constatado, que o túnel parece uma artéria coronária de um cadáver em decomposição e optaram por interromper a circulação dos comboios, que a minha deslocação pendular de carácter rotineiro e repetitivo passou a ser ainda mais rotineira e repetitiva, com mais convívio humano de proximidade – entenda-se apertões e esmagamentos diversos contra os outros utentes, perdão suburbanos, acotovelados dentro das carruagens do alternativo Metropolitano.
Esta forma de convívio forçado – sim que no fundo o pessoal mete-se no metro pelas mesmas razões que uma menina entrevistada há uns tempos num telejornal a propósito dos bastidores da pornografia em Portugal apresentava para fazer um filme porno “Tou aqui pelo convívio, para conhecer pessoas.” – nunca me agradou muito.
Agora o que me chateia mesmo é que já lá vão uns mesitos e nunca mais se ouviu falar no túnel, nas obras, nas previsões para a conclusão, na data de reabertura... Estarão paradas? Será que o rombo é maior do pensavam e espreitando lá para dentro consegue-se ver Xangai? Será que o governo de gestão não tem autoridade para gerir as obras? Será que o túnel nunca mais vai ser reaberto?
Tou feliz por aquilo não me ter desabado em cima e por não existir uma coisa chamada Associação dos Familiares das Vítimas do Túnel do Rossio – versão suburbana da Associação dos Familiares das Vítimas da Ponte de Entre-os-Rios. A sério, tou mesmo. Mas tenho saudades do meu túnel.
- Por favor, devolvam-me o meu túnel do Rossio!
Desde que os engenheiros da REFER perceberam aquilo que toda a gente, perdão todos os suburbanos que usam a linha de Sintra, há muito haviam constatado, que o túnel parece uma artéria coronária de um cadáver em decomposição e optaram por interromper a circulação dos comboios, que a minha deslocação pendular de carácter rotineiro e repetitivo passou a ser ainda mais rotineira e repetitiva, com mais convívio humano de proximidade – entenda-se apertões e esmagamentos diversos contra os outros utentes, perdão suburbanos, acotovelados dentro das carruagens do alternativo Metropolitano.
Esta forma de convívio forçado – sim que no fundo o pessoal mete-se no metro pelas mesmas razões que uma menina entrevistada há uns tempos num telejornal a propósito dos bastidores da pornografia em Portugal apresentava para fazer um filme porno “Tou aqui pelo convívio, para conhecer pessoas.” – nunca me agradou muito.
Agora o que me chateia mesmo é que já lá vão uns mesitos e nunca mais se ouviu falar no túnel, nas obras, nas previsões para a conclusão, na data de reabertura... Estarão paradas? Será que o rombo é maior do pensavam e espreitando lá para dentro consegue-se ver Xangai? Será que o governo de gestão não tem autoridade para gerir as obras? Será que o túnel nunca mais vai ser reaberto?
Tou feliz por aquilo não me ter desabado em cima e por não existir uma coisa chamada Associação dos Familiares das Vítimas do Túnel do Rossio – versão suburbana da Associação dos Familiares das Vítimas da Ponte de Entre-os-Rios. A sério, tou mesmo. Mas tenho saudades do meu túnel.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home