quatro minutos depois das sete

hora de partida para outro lado qualquer...

terça-feira, junho 28, 2005

Parece-me bem

Um cruzamento entre uma estrada municipal e uma pista de aviação... Quem é que terá sido o sacana que desrespeitou o sinal de perda de prioridade?

segunda-feira, junho 27, 2005

26 de Junho de 2005
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PAT METHENY no Coliseu de Lisboa
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Sem palavras...

sábado, junho 25, 2005

"Agora...

Oferece-me o futuro – pedia-lhe ela como quem pede uma maçã vermelha – que eu lego-te o meu passado, o que fui, o que fez de mim o que sou. Troquemos entre nós os tempos como quem troca de roupa, brinca comigo ao toma lá dá cá, acerta comigo o relógio nesta meia-noite e corramos juntos contra os ponteiros precisos. Abracemos todo o tempo, baralhemos as eras e as gerações até que a história se converta ao segundo do era uma vez, ao início de todas as vontades. Peço-te agora, no exacto momento em que o presente é tudo o que vale e em que a minha voz ecoa no teu peito."
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(Obrigada Bastet, pelo "empréstimo" deste post que gostava de ter escrito!)

quinta-feira, junho 23, 2005

Cops

Bela manifestação a de ontem, reunindo aproximadamente dois mil polícias e militares da GNR. Motivados, criativos, teatrais até, foi bom ver tantos elementos de uma classe profissional reunidos em defesa de direitos há muito adquiridos.
Adquiridos numa altura em que jovens e robustos moçoilos, predominantemente beirões, fugiam aos cansativos e pouco aliciantes trabalhos agrícolas e alegremente engrossavam as fileiras das guardas – na altura havia para além da republicana a fiscal - e das polícias, dando o seu melhor na defesa das leis e regras de funcionamento do poder de então. “Cães de fila” de um Estado totalitário, tinham direito a ração reforçada, enquanto a generalidade dos “rafeiros” à sua volta lá ia empurrando os latões à procura das sobras, cumprindo-se assim com êxito o objectivo de promoção social proporcionado por este tipo de emprego. Mudaram-se os tempos, mudou o regime, entrámos numa época da qual guardo já memórias pessoais, estórias que vivi e presenciei.
Uma das imagens que por certo guardarei é a da constante labuta da minha mãe que para além do emprego ainda arranjava tempo e forças para fazer o périplo, no mínimo semanal, até ao supermercado mais próximo, de onde regressava carregada de sacos com a comida e outros bens de consumo essencial lá para casa. Fazia-o sozinha ou acompanhada pelos filhos porque o meu pai, amarrado a dois empregos, nunca estava.
Lá na rua vivia o Luís, um puto pouco mais novo do que eu, companheiro de brincadeiras, filho de um soldado da GNR. Toda a gente sabia qual era a profissão do pai dele, não porque alguma vez alguém o tivesse visto fardado, mas porque o homem era simplesmente conhecido pelo “Guarda”. A mãe do Luís não trabalhava e ele, tal como eu, tinha uma irmã mais velha. Uma vez em conversa o Luís lá foi explicando que o pai nunca andava fardado porque tinha tarefas relativamente “civis”: era ele que ia às compras de tudo o que dizia respeito á confecção de alimentos no quartel onde estava estacionado e por isso não havia necessidade de formalismos desse género. Nunca vi a mãe do Luís carregada com sacos de compras uma única vez que fosse nos anos que por ali morei. Um dia o Luís inocentemente disse que o pai trazia muitas coisas – entenda-se carne, peixe, etc. - para casa às sextas-feiras, pelo que não havia grande necessidade de ir às compras. Tal como eu e a minha irmã, o Luís e a irmã estudaram, licenciaram-se, seguiram rotas ascendentes relativamente ao meio de onde vinham. Fizeram-no com um salário mensal. Nós fizemos o mesmo com três. Eu tive que estudar no liceu lá do bairro, o Luís podia tê-lo feito num instituto militar, com todas as condições e mais algumas, só não o tendo feito porque efectivamente não quis – a mãe bem o tentou obrigar. Conheci pela primeira vez cuidados médicos de jeito quando um seguro de saúde me afastou do posto médico lá da zona, o mesmo onde o Luís e a família nunca tiveram de pôr os pés porque usufruíam do regime especial proporcionado pela profissão do pai. O pai do Luís nunca conheceu o desemprego. O meu pai, infelizmente, sim. O pai do Luís reformou-se com 50 anos de idade. O meu pai reformou-se com 64. Percebe-se, esta coisa de ir às compras para o quartel é uma profissão de desgaste rápido e a partir de uma certa idade começa a ser difícil distinguir a fruta madura da estragada, o peixe fresco do rançoso e por aí fora. O pai do Luís era apenas um soldado, o mais baixo posto existente na hierarquia militar. Suponho, tendo por base uns valores que vi há pouco tempo afixados num Diário da Republica, que a sua reforma supere, neste momento o meu salário mensal. Parece-me justo atendendo não apenas ao nobre serviço que este homem prestou ao seu país, mas também e sobretudo ao contexto de abundância colectiva em que estes valores se inscrevem e à fonte de onde provêem as verbas para os pagar.
Não me lixem: ou vivemos todos em abundância ou então partilhamos à mesma mesa os mesmos direitos e os mesmos recursos. Como dizia o outro, quando não há dinheiro não há vícios.

terça-feira, junho 21, 2005

Uma questão de perspectiva

Esta manifestação de Sábado passado, a tal convocada “em protesto pelos episódios de violência grupal” a que temos assistido, revelou-se para mim um autêntico viveiro de factos sociais, um observatório de fenómenos interessantes em que o Homem – esse animal curioso – aparece simultaneamente como produtor e produto.
Comecemos pelo início. Primeiro houve aquela notícia relâmpago que dava conta do suposto facto de que uma horda de 400 ou 500 bandidos perfeitamente organizados - com direito a manobras de diversão anti-policiais e tudo - teria invadido a praia de Carcavelos, roubando e vandalizando tudo e todos à sua passagem. Afinal parece que a coisa roçava a borderline do mito urbano e ao que parece já não eram 500, eram para aí uns quarenta ou cinquenta, a polícia só deteve um ou dois e até agora ainda não ouvi uma única vítima – para além dos que apanharam da polícia - a relatar o sucedido. Mais ainda, parece que a coisa já acontece há imenso tempo, nunca ninguém se preocupou e a maior parte do pessoal “esclarecido” já não põe os pés em Carcavelos há uma porrada de tempo uma vez que aquilo se tornou numa espécie de campo de jogos para pessoal de hábitos duvidosos.
Bom, depois lá apareceu Marques Mendes a dizer que isto era uma chatice enorme, com repercussões tremendas no sector do turismo e tal e eu pus-me a pensar Que raio, quem é que vai fazer turismo para Carcavelos?
Depois foi a vez da polícia dizer que a coisa não teve assim tanta importância, que os meliantes são sempre os mesmos e já tão mais que identificados, portanto, não há problema nenhum e o cidadão comum não precisa de ficar alarmado nem de passar a levar essa lusitana paixão e, em muitos casos, objecto de compensação fálica chamado caçadeira para a praia
Finalmente, essa rapaziada que gosta de usar os cabelos cirurgicamente rapados, botas da tropa impecavelmente engraxadas e que parecem padecer todos da mesma tendinite da coifa no ombro direito, que os obriga a passar grande parte do dia com o braço direito até às falangetas hirto e levantado aos céus, aproveitou logo e apareceu, na qualidade de “bons e preocupados cidadãos”, a convocar uma manif contra este estado de coisas.
A manifestação em si foi um must. Os manifestantes fizeram de facto os possíveis para se apresentarem no seu melhor e realmente nem precisavam de abrir a boca porque bastava reparar no aspecto deles para se perceber logo que são pessoas a levar a sério.
Alguns até falaram para as câmaras e houve uma intervenção em concreto que me chamou a atenção. Um dos mais aguerridos, exibindo o corte de cabelo da praxe, um pólo verde e vermelho, umas tatuagens à maneira onde sobressaía por entre o emaranhado dos desenhos uma cruz suástica e as típicas e morenaças feições dum típico europeu do sul, exclamava qualquer coisa como “Eu sou branco e tenho orgulho em ser branco!” Este “camarada” fez-me lembrar eu próprio quando, candidamente conversando com um familiar a viver há muito na Austrália a respeito da possibilidade de um dia me mudar de malas e bagagens para lá, o ouvi responder-me “Sob o ponto de vista das habilitações literárias não terias problemas mas sabes, na Austrália não serias considerado propriamente um branco.” Pois é, sou moreno, quiçá demais pelos parâmetros australianos e isso faz-me pensar que provavelmente melhor faço em estar calado do que caracterizar-me a mim próprio como branco. O manifestante das tatuagens se calhar devia fazer o mesmo, quanto mais não seja porque de certeza que o próprio Adolfo daria umas voltas na tumba se visse a sua ideologia ser apropriada por um grupo de tipos tão notoriamente miscigenados como estes portugueses de cabeça rapada. É tudo uma questão de perspectiva e de contexto meus amigos e, como vocês gostam tanto de realçar, cada macaco no seu galho. Ora um português neonazi faz-me imediatamente lembrar do já mítico slogan do Restaurador Olex: “Um preto de cabeleira loira e um branco de carapinha, não é normal!”, ou seja há ali qualquer coisa óbvia e tristemente incongruente.
Bom, no final ainda houve tempo para uma confusãozita e para uma bastonada – policial – num dos fotógrafos, esses insuportáveis agitadores.
Quer-me cá parecer que o problema é que nós, os pacatos e omnipagadores - os que somos roubados à ponta, seja da navalha ou da pistola, seja da caneta do ministro das finanças – nos demitimos da participação cívica e da acção pública individual ou em massa, abrindo assim caminho à usurpação desse espaço por patetas retardados, esses que se dão ao direito de misturar meia dúzia de exigências válidas com ideologias patológicas ou os que defendem as minorias de forma barata e irresponsável, apregoando a tolerância sem pensarem seriamente no significado da palavra. Ao mesmo tempo parece subsistir um enorme receio de tomar medidas enérgicas, quer estruturais – no combate às causas – quer repressivas – sobre as terríveis e inaceitáveis consequências das desigualdades que teimamos em impor uns aos outros. Algures entre o discurso xenófobo e o radicalismo paternalista em torno das minorias há-de haver espaço para ideias equilibradas e para a solução dos problemas. Para além da cor da pele das vítimas e dos agressores
Fico à espera do próximo capítulo.

domingo, junho 19, 2005

Já que estou a falar de Música...

... tenho de contar-vos o meu último motivo de indignição... (sem contar claro, com o tipo de observações que têm sido feitas à morte do Álvaro Cunhal, com a manifestação da extrema-direita "contra a criminalidade" na Baixa de Lisboa, ou seguramente, com o aumento do IVA que o nosso Governo aprovou esta semana.)
Costumo visitar com alguma frequência os sites e os blogs de artistas e bandas nacionais. Gosto de saber novidades, datas de concertos e também de ver o tipo de comentários que os fãs fazem aos seus ídolos musicais.
Numa visita ao site do Rui Veloso percebi que, contrariamente aos elogios habituais, o seu livro de visitas se encontrava preechido com críticas de fãs (ou não). As críticas diziam todas respeito a uma entrevista que aquele tinha dado a O Independente e em que fazia considerações sobre política, economia e música. Não só o tom da entrevista é alvo de crítica, mas sobretudo o modo como Rui Veloso falava de outros músicos, em particular dos Duran Duran... e parece que os "críticos" são MUITO fãs dos DD.
Mas o que me "revolta" é que apenas 1 ou 2 dias depois, todas essas críticas foram eliminadas pelo administrator!!!!!! Repito: ELIMINADAS!!!
E eu pergunto-me...
a) terá sido apenas a vontade do administrator (e, suponho eu, fã) de manter o site como espaço de simples divulgação de informação sobre o artista, afixando somente os elogios e as vénias?!?
b) terá sido da iniciativa do management ou do próprio artista retirar toda e qualquer hipótese da sua imagem ser manchada num espaço tão exposto como a web?!?
c) ou será que ninguém (fãs, management... whatever...) percebeu que os artistas, por mais reconhecidos que sejam e meritoso o seu trabalho, devem ouvir as pessoas que os admiram e contribuem para a sua popularidade?!?
Fica no ar a dúvida...

RTP Memória

Só mamãe e papai sabem que há muitos anos atrás já eu dizia que a rtp deveria ter um espaço/ canal onde só passassem séries e programas antigos, que satisfizesse os "revivalistas" de algumas séries de culto (como eu) e, simultaneamente pudesse dar a conhecer aos mais novitos (os nascidos a partir dos eighties) aquilo que há alguns anos fazia parte do nosso dia-a-dia televisivo... no tempo em que os comandos de tv só precisavam de ter 2 botõezitos. eheh!!
Pois felizmente esse canal existe: é a rtp memória, claro!
E com ele me tenho deliciado a redescobrir momentos da nossa História, a relembrar programas e a reconhecer os rostos (bem mais jovens) de artistas, apresentadores e políticos.
Ontem, estava a ser reposto o "Rock Rendez-Vous", programa emitido a partir do espaço lisboeta com o mesmo ano e onde se realizaram os famosos concursos de música moderna. Por lá passaram bandas e artistas ainda hoje bem sucedidos como os Xutos & Pontapés, mas também tantos outros projectos com aparições meteóricas.
Ontem, dizia eu, estava a passar a edição de 1994, o último concurso de música moderna, inserido no programa Aqui D'el Rock (alguns anos depois do Rock Rendez-Vous ter sido fechado).
Qual não é o meu espanto quando reconheço o vocalista de uma banda do Porto... Depois de alguns segundos a puxar pela cabecita a tentar lembrar-me do seu nome (e claro, esperando que a banda fosse identificada em rodapé...), lá sorri quando percebi que o miúdo com ar imberbe e cabelo (mal) pintado de azul era o próprio do MANUEL CRUZ e a banda... os Ornatos Violeta!!! (que ganharam o prémio de originalidade!)
Confesso... não achei os originais nada de especial... e o vocalista?!? As excelentes composições e a boa colocação de voz... bom... ainda bem que passaram 10 anos! eheheh! E ainda bem que alguém percebeu as suas potencialidades!!! Eu apenas percebi que um dia, talvez, o Manel Cruz poderia ser o giraço que é hoje! ehehe!
Viv'á RTP Memória!

quinta-feira, junho 16, 2005

Fogo, ele há cada uma!

E quem não salta..... não é demente?



http://www.worldjumpday.org/

quarta-feira, junho 15, 2005

Antes do fim

Nas palavras do poeta Mário Quintana


Sentir primeiro, pensar depois
Perdoar primeiro, julgar depois

Amar primeiro, educar depois
Esquecer primeiro, aprender depois

Libertar primeiro, ensinar depois
Alimentar primeiro, cantar depois

Possuir primeiro, contemplar depois
Agir primeiro, julgar depois

Navegar primeiro, aportar depois
Viver primeiro, morrer depois

terça-feira, junho 14, 2005

ÁLVARO CUNHAL
1913 - 2005
__
VASCO GONÇALVES
1922 - 2005
__
EUGÉNIO DE ANDRADE
1923 - 2005

Desaparecida...

Apesar de já ter percebido que ninguém deu pela minha falta, ou antes, pela falta das actualizações aqui no quatrominutosdepoisdassete, acho que devo uma "explicação" a quem ainda tem paciência para passar aqui por estes lados.
Não, não fui de férias.
Não, não têm sido tempos de trabalho árduo.
Não, não estou a ter problemas de acesso à internet.
Curiosamente, tenho estado online durante muito mais horas a ler os blogs dos outros (obrigada papai pela instalação da netcabo).
Férias... bem, a conta bancária não permite; quanto a ir à praia, tendo a decidir ir apanhar sol nos dias em que as nuvens não desaparecem... continuo por isso com o meu tom agradável de copo de leite.
Pois bem... O que se passa é que nos últimos tempos tenho andado muito pensativa... assim a modos que a reflectir e a tentar tomar decisões sobre o que posso e o que não posso fazer durante os próximos meses... sobre propostas de trabalho, tarefas e remunerações... para onde vou e para onde quero ir... qual o sentido da vida.... ehehehe...
Enfim... sem dramatizar e simplificando: estou indecisa, insegura e insatisfeita!!! (Valha-me o conselho de uma antiga colega de Faculdade que me dizia que devemos sempre utilizar 3 adjectivos para enfatizar ainda mais a ideia da frase!)
Estou portanto numa fase de preocupações, responsabilidade e daquele egocentrismo necessário a certas tomadas de decisão (oooops! Parece que a "regra dos 3" também serve os sinónimos! eheh!).
Se não me virem por cá, já sabem... não estou presente mas não estou longe... devo estar a meditar, a hesitar ou, quem sabe até, a precipitar-me!!! Wish me luck, anyway!

quinta-feira, junho 02, 2005

Boa Alberto!

Antes que a teta cubano-continental seque, a reformazita de 4.000 € já cá mora!

quarta-feira, junho 01, 2005

Resposta, quiçá a uma pergunta difícil

Dos Skank, banda simpática, com temas alegres e de fácil digestão, um poema muito bonito e uma música que me ficou sempre no ouvido e que tive, aqui há uns dias, o prazer de apreciar ao vivo no Pavilhão Atlântico.



Resposta


Bem mais que o tempo que nós perdemos
ficou pra trás também o que nos juntou
Ainda lembro, que eu estava lendo
Só pra saber o que você achou
dos versos que eu fiz
e ainda espero resposta
Desfaz o vento, o que há por dentro
neste lugar que ninguém mais pisou
você está vendo o que está acontecendo
neste caderno sei que ainda estão
os versos seus tão meus que peço
dos versos meus tão seus que esperem que os aceite
Em paz eu digo o que eu sou o antigo do que vai adiante
Sem mais, eu fico onde estou, prefiro continuar distante
Bem mais que o tempo que nós perdemos
ficou pra trás também o que nos juntou
Ainda lembro que eu estava lendo
só pra saber o que você achou
dos versos seus tão meus que peço
dos versos meus tão seus que esperam que os aceite
Em paz eu digo o que eu sou o antigo do que vai adiante
Sem mais, eu fico onde estou, prefiro continuar distante
Em paz eu digo o que eu sou o antigo do que vai adiante
Sem mais, eu fico onde estou, prefiro continuar distante
Desfaz o vento, o que há por dentro
neste lugar que ninguém mais pisou
você está vendo o que está acontecendo
neste caderno sei que ainda estão
os versos seus tão meus que peço
dos versos meus tão seus que esperem que os aceite
Em paz eu digo o que eu sou o antigo do que vai adiante
Sem mais, eu fico onde estou, prefiro continuar distante
Em paz eu digo o que eu sou o antigo do que vai adiante
Sem mais, eu fico onde estou, prefiro continuar distante
Em paz eu digo o que eu sou o antigo do que vai adiante
Sem mais, eu fico onde estou, prefiro continuar distante.

Referendar o quê?

A recente polémica em torno do Não dos franceses à Constituição Europeia e o esperado Não que holandeses irão hoje dar à mesma questão, associada à discussão acerca do timing certo para a aplicação do dito referendo no nosso país tem-me feito pensar.
Pensar sobretudo que não faço a mais pequena ideia dos fundamentos e conteúdos do dito texto constitucional e que a mim me dava um jeito do caraças se se começasse por fazer um “pré-referendo” com uma pergunta do género “Quer ser total e imparcialmente informado a respeito da proposta de texto para uma Constituição Europeia?” e com as opções de resposta Sim, Não ou Depende da duração do processo de explicação e do responsável pela mesma – sendo factores de negação imediata nomes como António Guterres, Nuno Severiano Teixeira, José Hermano Saraiva ou José Castelo Branco.
A verdade é que por cá quase ninguém conhece o conteúdo do texto constitucional proposto, facto que atendendo à importância de um documento que se aprovado será, para além de um passo gigantesco no caminho do federalismo, a lei fundamental, uma espécie de batuta geral pela qual serão regidas as vidas dos não sei quantos milhões de almas que habitam o espaço europeu, é no mínimo espantoso. Não sei se os franceses disseram não por conhecerem pormenorizadamente o texto ou se disseram não ao facto de alguém os querer comer à má fila, sem grandes explicações. A mesma interrogação se me coloca em relação aos holandeses.
No que à minha pessoa diz respeito, sinceramente, não sei o que é que hei-de responder. Como por cá ninguém – sobretudo os sucessivos governos – respeita a Constituição é um bocado indiferente que a mesma seja substituída, desde que, claro está, a que se lhe seguir, neste caso a europeia, for também, apenas e tão só, um objecto de adoração simbólica sem grande aplicação prática (lembrei-me agora que me esqueci doutra opção de resposta, qualquer coisa como Sim, de certezinha absoluta que sim, desde que essa coisa não passe do papel).
Hoje alguém me mostrava umas notas panfletárias retiradas dum site da esquerda mais à esquerda (soa mal à brava dizer esquerda radical) onde eram apresentados supostos anexos da constituição europeia e onde saltavam à vista coisas como Pena de morte para crimes de insurreição, Requisição de cidadãos para trabalhos forçados e outras pérolas que tais. Aquilo custou-me um bocado a digerir, sobretudo porque a ideia de participar numa insurreição persegue-me desde a adolescência e era chato, se as coisas correrem mal, ser executado em vez de amnistiado. O segundo ponto nem tanto porque a bem dizer o banco que me emprestou o dinheiro para comprar a casa já me garantiu que me irá requisitar diariamente para trabalhos forçados durante os próximos trinta anos.
Quando li aquilo exclamei que devia ser um exagero qualquer, uma peça de material propagandístico de teor questionável mas a minha interlocutora sabiamente questionou-me: “Com tanta falta de informação e discursos contraditórios sabe em quem acreditar?” Pois, de facto não sei.

DIA DA CRIANÇA

Hoje não é só o primeiro dia do mês de Junho...
É O DIA DA CRIANÇA!!!
Ok... já tenho idade para ter juízo!
Mas tenho sobretudo idade para me lembrar de que todos os anos, impreterivelmente, dia 1 de Junho, mamãe e papai faziam questão de me levar à Feira do Livro no Parque Eduardo VII. E, como prometido, de me oferecerem pelo menos um livro.
Era assim quando já sabia ler mas também quando ainda não sabia e limitava-me a ver os "bonecos"!
Habituei-me a gostar de folhear os livros, de sentir o cheiro da tinta impressa nas folhas... e... bem... confesso que dei uns autógrafos na maior parte dos livros lá de casa... só para experimentar a forma das letras! eheh
Recordar a infância leva-nos a estes lugares... de emoções, cheiros, sons e rituais que me fazem acreditar que vale a pena criar hábitos e motivar as crianças para certos acontecimentos que podem, um dia, fazer parte significativa da vida adulta e dos prazeres que ela pode conter.
E a leitura permite, sem dúvida, conhecer histórias, alargar horizontes, construir memórias e desenvolver fascínios...
Para mim, à leitura e ao Livro associarei sempre a Feira do Livro, no dia 1 de Junho... todos os dias da Criança da minha infância lisboeta.

Belíssima?

Não sei se por influência de papai ou porque a melodia faz sentido nos meus ouvidos, esta foi sempre uma daquelas músicas que me faziam parar e fechar os olhos. E desejar que quando acabasse, voltasse ao início e a pudesse ouvir uma e tantas mais vezes.
Refiro-me a A Whiter Shade of Pale dos Procul Harum, uma daquelas bandas neo-hippies dos anos 60, com muitos músicos em palco e muitas meninas em pranto na plateia.
Hoje, ao ouvir mais uma vez a versão da Annie Lennox, apercebi-me que deve ser muito dificil alterar o verdadeiro sentido musical desta canção...
Por mais versões que tenham sido feitas (de Percy Sledge a Willie Nelson, vejam lá...), ela é sempre... qual a palavra?... Bela?! É isso! Belíssima!
Não posso deixar aqui a própria da canção (Damn it... ainda não me debrucei sobre essa possibilidade tecnológica), mas deixo a letra original dos Procul Harum...
Belíssima!
_
A Whiter Shade of Pale (1967)
_
"We skipped the light fandango
turned cartwheels 'cross the floor
I was feeling kinda seasick
but the crowd called out for more
The room was humming harder
as the ceiling flew away
When we called out for another drink
the waiter brought a tray
_
And so it was that later
as the miller told his tale
that her face, at first just ghostly,
turned a whiter shade of pale
_
She said, 'There is no reason
and the truth is plain to see.'
But I wandered through my playing cards
and would not let her be
one of sixteen vestal virgins
who were leaving for the coast
and although my eyes were open
they might have just as well've been closed
_
She said, 'I'm home on shore leave,'
though in truth we were at sea
so I took her by the looking glass
and forced her to agree
saying, 'You must be the mermaid
who took Neptune for a ride.'
But she smiled at me so sadly
that my anger straightway died
_
If music be the food of love
then laughter is its queen
and likewise if behind is in front
then dirt in truth is clean
My mouth by then like cardboard
seemed to slip straight through my head
So we crash-dived straightway quickly
and attacked the ocean bed"
_